Sossegou-a no embalo das palavras. Ela esperava-as, precisava delas para dobrar a noite e afugentar os pesadelos. Chegavam num embrulho de papel escuro atadas num fio que já dera serventía mais prosaica. Mesmo assim ela passava as mãos, sentía as engelhas que ele fizera no desajeito das dobras e chegava-se mais a ele. Alisada a folha ao plano, atava os cabelos no fio do embrulho, um pendente de lado caído sobre o ombro que lhe permitía afastar da vista tudo o que não fossem as palavras. As primeiras linhas eram lidas de pé, a solenidade do acto impedía-lhe tempos perdidos a buscar assento e só depois, à medida que as frases lhe cavavam nos olhos a paisagem enviada procurava o chão como ligação à terra e para não perder o norte.
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
De os olhos fechados para sentir cada palavra a tocar na pele.
Beijo
Palavras...quando ditas direto ao coração, esse acha sossego então.
Pérolas incandescentes de doces palavras.
Eärwen
17.02.08
Ola linda!
Cartas de Amor, quem nao as tem....segredos da alma, sentidos por alguem
Sao nas letras escritas, ditas em silencio, que faz fugir o chao,e o pensamento....
Desejo que a menina tenha uma semana Maravilhosa
Mil e um beijinho
Rachel
A magia das palavras... das tuas palavras!
A emoção daquele momento preciso em que as palavras lhe chegaram às mãos, o embrulho desajeitado com barbante já usado... a urgente vontade de as ler, sem antes procurar assento...
Maravilhoso presente feito de palavras... as tuas!
Beijo
*
o norte cavado,
nas tuas palavras,
,
conchinhas
,
*
Enviar um comentário