Fechou as malas e encostou-as no canto do quarto. Depois tomou banho e vestiu-se. Aprumou a mão no eyeliner e no baton. Sentou-se à espera dele. Quando ele chegasse ela dir-lhe-ía que não quería mais aquela vida para ela e partiria de vez. Que falassem dela e do abandono do lar, da vida boa que largava com empregada e tudo, do marido garboso e bem falante como poucas tinham. Mas ela trocava isso tudo por uma noite dormida ao lado dele, sem esperar que o som do carro a chegar lhe dissesse que eram quatro da madrugada ou no virar das peças de roupa ao avesso o estomâgo lhe voltasse ao contrário por descobrir uma carteira de fósforos de uma casa da noite. Correu os olhos pela sala e decorou cada objecto pousado sobre os móveis, a cor dos cortinados, a maciez do estofado do maple, a caixa de costura deixando o bordado espreitar uma bainha italiana de fios contados. O bébé chorou. Ela despertou da sua letargia e acorreu-lhe, sossegou-lhe o pesadelo, limpou o baton às costas da mão e beijou-lhe a testa quente sussurando-lhe já passou. Depois foi ao quarto e fez escorregar as malas para debaixo da cama.
sábado, 23 de fevereiro de 2008
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5 comentários:
Hello my Dear friend
Water your dreams with hope and faith and watch your promise bloom with every new tomorrow
Big kiss
Rachel
Quantas vezes a decisão acerta é a mais dificil de se tomar! Quisera que o tempo parasse, pulasse tal pedaço e nos deixasse continuar como se nada tivesse acontecido...
Triste verdade...mas belo conto!
Pérolas incandescentes de sentimentos.
Eärwen
Porque a vida nem sempre é perfeita como aos olhos dos outros assim o parece... é preciso dar-lhe uma reviravolta de modo a pôr um fim ao que está errado.
Mais um momento de prazer que me ofereceste num texto no qual me revi um dia.
Beijo
Beijo fantasma.
*
decidir ---------- bem !!!
,
conchinhas
,
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