DEC.LEI Nº344/97

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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

À ESPERA

Primeiro umas gotas, umas pequeninas bolhinhas transparentes que se colaram ao vidro da janela. Ela encostada ao cortinado branco de gaze admirava a chuva, tão fina, tão constante. Logo de seguida veio o vento, entortou a água que caía, arremessou-a forte contra tudo, a janela manchou-se de água e distorceu as imagens para o lado de fora, ela já só vía manchas nas copas das árvores, borrões escuros nos chapéus de chuva abertos que se deslocavam rápidos como peças de um jogo de damas. Envolveu-se no cortinado, tapou o rosto, girou sobre si vestida no longo da gaze branca, pensou Primavera e imitou no som picado da chuva o som dos ribeiros serpenteando entre seixos e margens curvilíneas, a Primavera havería de chegar outra vez e fechava os olhos, embrulhando-se naquele casulo improvisado de hibernação. Pena que o pensamento não adormeça também ou se vá, como as águas da chuva que batem na vidraça e escorrem, mortas até ao chão, até empaparem tudo o que debaixo deste tapete de terra se envolve num cortinado de gaze branca.

1 comentário:

Phantom of the Opera disse...

São os pormenores que mais adoro em ti, torna-se fácil fechar os olhos e sentir o momento.

Beijo