DEC.LEI Nº344/97

TODOS OS TEXTOS SÃO DA PROPRIEDADE DO AUTOR E ESTÃO REGISTADOS AO ABRIGO DA LEI DA PROTECÇÃO DOS DIREITOS AUTORAIS E PROPRIEDADE INTELECTUAL. INCORRE NO CRIME DE CONTRAFACÇÃO QUEM SE APROPRIAR, COPIAR, PLAGIAR E MENCIONAR NO TODO OU/E EM PARTE OS TRABALHOS AQUI PUBLICADOS, EM CONFORMIDADE COM O CÓDIGO DE DIREITOS DE AUTOR E DOS DIREITOS CONEXOS.
.
.
.
Escrever é poder amar-te



terça-feira, 1 de janeiro de 2008

O BRINDE

Pediu-lhe desculpa, atabalhoadamente procurou como limpá-la, corou ao sentir que lhe tocara os seios no jeito inocente de se redimir do desastrado momento de euforia em que recuara de copo erguido e gargalhando esquecera o seu redor, embatendo nela e vertendo o liquido pelo vestido que a envolvía. Ela balbuciava sem completar frase alguma, ele numa constante falação de mil perdões ía olhando aquela mulher de rosto sereno, os braços elevados numa curva doce como que a envolverem um espaço a si mesma que aconchegava como uma capa. Calou-se, olhou a mancha escurecida do tecido a morrer de grande no peito em pequenas gotas pelas pregas do vestido que a cobría até ao chão e perguntou-se onde tería a noite escondido aquela mulher que não dera conta dela. Reparou no seu olhar, quase triste, quase ausente apenas iluminado pelo gancho em forma de cisne que lhe segurava uma madeixa de cabelo. Quis oferecer-lhe uma taça de champagne, um pequeno nada pelo estrago que fizera e ao mesmo tempo um pouco mais de proximidade que lhe trouxesse mais descoberta. Ela recusou, ele insistiu e arrojou um brinde ao ano que acabara de entrar. Ela repetiu não e sublinhou-o com um aceno delicado da palma da mão rosada. Sem dar tempo ao pensamento ele tomou-lhe a mão e beijou-lhe aflorado os nós dos dedos. Ela desprendeu-se embaraçada, um outro homem chegou, ajeitou-lhe a cadeira. Ele voltou à sua mesa e durante todo o resto de noite brindou ao pequeno incidente que lhe iluminara as primeiras horas do novo ano.

Sem comentários: