DEC.LEI Nº344/97

TODOS OS TEXTOS SÃO DA PROPRIEDADE DO AUTOR E ESTÃO REGISTADOS AO ABRIGO DA LEI DA PROTECÇÃO DOS DIREITOS AUTORAIS E PROPRIEDADE INTELECTUAL. INCORRE NO CRIME DE CONTRAFACÇÃO QUEM SE APROPRIAR, COPIAR, PLAGIAR E MENCIONAR NO TODO OU/E EM PARTE OS TRABALHOS AQUI PUBLICADOS, EM CONFORMIDADE COM O CÓDIGO DE DIREITOS DE AUTOR E DOS DIREITOS CONEXOS.
.
.
.
Escrever é poder amar-te



sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

O BOTÃO

Segurou a cabeça entre as mãos e apertou, apertou até sentir as veias da testa a sobressaírem pela força da compressão, os olhos fechados à espera de ver a luz que tanto lhe fugía, talvez a tivesse engolido como um botão como quando era criança e se punha em frente ao sol à espera de o ver dentro da sua barriga, muito redondinho, a flutuar dentro de si, a agitar-se quando pulava ou quando saltava de um ramo de árvore. Mas não, isso tinha sido um sonho, uma daquelas manias que povoam o imaginário dos mais pequeninos e agora o que precisava era de uma solução, um achado, uma chave dentro de si mesma para abrir o seu corpo e descobrir como se faz para não gostar, para não doer. Gostar faz doer. E quanto mais apertava a cabeça mais lhe doía pois mais certezas tinha naquele gostar. Ouviu um tilintar, abriu os olhos, um pequenino botão desprendera-se da blusa e girava no chão num movimento eliptico. Ficou a olhá-lo até este se quedar na sua rotação, apanhou-o e procurou na roupa a sua falta. Era à altura do peito, a meio, onde o coração se encaixava para gostar. E agora sem o botão a blusa descobría tudo, abria-se em duas, provava que afinal um pequenino botão fazía toda a diferença e mesmo que juntasse as duas metades do tecido com as mãos ele voltava a descortinar aquilo que mais quería esquecer.

1 comentário:

jawaa disse...

Ai o botão maroto...