Na tela branca e negra olhou-se bela, lágrimas nos olhos, sem nariz vermelho nem ranho a entupir a fala. Endeusava-se no traje cintado, sem perder a maquilhagem, o fumo em espiral enquadrava-a no ecrã. O piano martelava a dor do desejo mas era sacrilégio escutar, que ao longo do tempo o tempo se torna longo. Murmurava as falas decoradas na lamúria da partida, os braços tiranos do amor a atirá-la para outro, uma ventania a esbofetear os corações separados com as letras deitadas à direita a dizerem fim. Quando as luzes se acenderam entendeu que a realidade não era a dois tons, a solidão tem outras cores e os filmes dos outros podíam ser os seus. Apertou a gabardine e ajeitou o lenço apertado ao queixo. Sentiu uma mão no cotovelo que a acompanhou. Pararam. Ele tombou a cabeça levemente sob a aba do chapéu de feltro e acendeu um cigarro que lhe passou. Alumiou outro para si. Ela deixou que o estranho a tomasse na boca e lhe tirasse o ar. Fechou os olhos. You must remember this, a Kiss is just a Kiss.
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
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2 comentários:
Fico sempre maravilhada com os teus textos, a ponto de nem saber muito bem o que dizer...
Este é mais um, como aquele filme que tanta tinta fez correr e outros tantos corações, fez bater...
Escusado será dizer, que gostei imenso de te ler!
Beijo
Her heart squeezed at the thought of never seeing him again, but she didn't have a choice it was better to go now
''Goodbye'' she whispered, tears springing to her eyes
Then she remembered a kiss is just a kiss
Whispers
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