Cara fechada, séria, o sobrolho esquerdo arqueado na apreciação critica, voz colocada nas certezas do dizer, gesto marcado, passos fortes e vibrantes. Uma bolha rodeava-a.
Mas aquele que conseguiu chegar-lhe descobriu-lhe na semelhança do abacaxi a dureza da casca, o espinhento dos losangos como armadura contra as emoções, a rama de serrilha pronta a desferir logo que a ameaça se chegasse próximo.
Perfurou-a de paixão até atingir a polpa dourada, macia, o melaço pingando até à coluna circular e que aguentava uma carne suculenta cheia de carinhos e desejos.
Comeu, saciou-se, melou-se no suco amarelo.
Depois fartou-se. Vieram as moscas patinhar no miolo, a casca manchada de pisaduras, a rama murcha.
E ela aberta, escachada no polme azedou.
3 comentários:
Assim rasgada a polme apodrecida
Vida minha do suco digestivo ao palato
Miíases de querer no fruto e língua
Espezinhando o todo que somos no acido
O teu texto é fabuloso, estás on fire miúda, parabéns!
Beijo de cal
E como saber se nos vamos fartar se não provarmos?
E como saber se o fim é como um polme azedo se não nos dermos a provar?
Não gosto de abacaxi!
Até outro desinstante quaisquer...
*
depois fartou - se . . .
*
é . . .
lá, como cá !
*
xi
*
Enviar um comentário