Mais uma madrugada recolhida nas notas amachucadas no fundo da bolsa coberta de lantejoulas vermelhas, pequena, capaz o suficiente para esconder o baton de cor ameixa, a protecção fina, alguns cigarros soltos, a chave de casa e rebuçados de fruta. Chupava-os na amargura pós-venda, enquanto endireitava as meias de renda negra que nunca tirava para os clientes e porque assim poupava tempo na partida e enganava a fome como houvera enganado o freguês baboso do muito amor negociado. Guardava os papéis de celofane e ao nascer do dia no regresso manco a casa somava-os fazendo uma contabilidade de quantos havía de limão e quantos de violeta, puxava do palato e atribuía a cada dinheiro esgalhado um sabor. Penalizava-se entre cores e prometía-se na noite seguinte mais nenhum contar.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
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1 comentário:
Enganar o sabor que sobrava nos lábios, aquele sabor que é urgente esquecer.
Beijo
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