DEC.LEI Nº344/97

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Escrever é poder amar-te



terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

BRANCAS

Encolheu-se perante a imensidão do branco da folha, quase lhe parecía ferir os olhos, afastava-lhe a mão armada, repelía o negro da tinta. Sabía o que escrever mas agora perante a solenidade do acto o inicio parecía um já fim anunciado e as frases desorganizavam-se no contexto e na intenção: o que quería dizer afinal? Entenderíam o que quería transmitir? Mas essa era aflição segunda que da primeira ainda nem se tinha visto um traço, um esboço sequer que corrigido a riscos vincados lhe apagasse a malformação do verbo parido, uma emenda ou retrocesso para uma melhoría do vocal descrito. Amachucou a folha virgem, fez pontaria ao cesto e errou o alvo largo de boca aberta. Dispôs uma nova tão alva quanto a primeira, recolheu-lhe uma pestana caída, curva e negra, uma vírgula sem texto a guarnecer e na prensa dos dedos tomou um lápis e desenhou uns olhos que o fitassem apenas para não se sentir tão só.

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