Nunca se perguntara por que chorava, copiosamente, uma torrente de lágrimas a debulhar o nó apertado que se formava no peito e lhe subia sufocado até à garganta. Turvava-se no celulóide como imagens vistas através de vidraças gotejadas e sentía o arrepio das personagens na falta do seu próprio filme. Decorara falas e agarrara o frou-frou das saias longas e armadas, imaginara-se Scarlett a manejar o chicote e arredava o desconsolo do abandono que sofrera. Nessa altura não chorara, não sentira nós nem apertos nem saudades nem a vontade de beijar como agora acontecía com Red, ali no ecrã, plano, liso numa única superficie, mas tão previsivel, tão constantemente sabedora dos seus passos que nenhum sobressalto a atiraría para outra dimensão senão a da sétima arte. Que a do amor tinha-se-lhe escapado como o vento.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
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