DEC.LEI Nº344/97

TODOS OS TEXTOS SÃO DA PROPRIEDADE DO AUTOR E ESTÃO REGISTADOS AO ABRIGO DA LEI DA PROTECÇÃO DOS DIREITOS AUTORAIS E PROPRIEDADE INTELECTUAL. INCORRE NO CRIME DE CONTRAFACÇÃO QUEM SE APROPRIAR, COPIAR, PLAGIAR E MENCIONAR NO TODO OU/E EM PARTE OS TRABALHOS AQUI PUBLICADOS, EM CONFORMIDADE COM O CÓDIGO DE DIREITOS DE AUTOR E DOS DIREITOS CONEXOS.
.
.
.
Escrever é poder amar-te



terça-feira, 29 de janeiro de 2008

ESPAÇOS

Olhavam os números verdes, a seta intermitente, só o som alcatifado do engenho a desenvolver-se na evolução da subida. Um pequeno solavanco levou as mãos de ambos a ampararem-se à parede de madeira envernizada. Silêncio. Precipitam-se os dois para o botão cego, o dedo nervoso calcado rápido e curto por várias vezes. Nada. Tentam o alarme, soa um tom choroso, de novo e ainda mais uma. Riem, seguram o nó da gravata não há que perder a compostura, trocam a mala de mão, um frio repentino, um calor abafado, pigarreiam. Mais uma vez o alarme, o botão do número do andar, para que andar vai, eu vou para cima, mais para cima, ah admnistração, pois, pois, eu estou em baixo, logo abaixo, recursos humanos, não financeira, ah, claro. Silêncio. Mais calor, o espelho começou a embaciar-se e o ar está saturado de colónias distintas e óleo de máquinas misturadas com cheiro de queimado. Cheira a queimado não acha, sim já tinha notado, se calhar está a arder algum cabo, acha, provavelmente, não de todo, se isso acontecesse o sistema contra incêndios tería sido accionado, acha, não me parece, não aqui no mecanismo do elevador. Silêncio. Olham-se nos olhos pela primeira vez. Gritam por socorro a plenos pulmões.

Sem comentários: