DEC.LEI Nº344/97

TODOS OS TEXTOS SÃO DA PROPRIEDADE DO AUTOR E ESTÃO REGISTADOS AO ABRIGO DA LEI DA PROTECÇÃO DOS DIREITOS AUTORAIS E PROPRIEDADE INTELECTUAL. INCORRE NO CRIME DE CONTRAFACÇÃO QUEM SE APROPRIAR, COPIAR, PLAGIAR E MENCIONAR NO TODO OU/E EM PARTE OS TRABALHOS AQUI PUBLICADOS, EM CONFORMIDADE COM O CÓDIGO DE DIREITOS DE AUTOR E DOS DIREITOS CONEXOS.
.
.
.
Escrever é poder amar-te



segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

O PRESÉPIO

Com cuidado estendeu o musgo húmido, macio como um veludo, alguma terra muito escura a despegar-se entrou-lhe nas unhas, manchou-lhe as curvas e vincos das palmas das mãos: tinha um cheiro fresco, quase a lavado, uma espécie de pureza que não conseguía explicar e que a enebriava numa sensação plena de pertencer a coisa maior. No verde profundo daquele tapete dispôs as figuras de barro toscamente pintadas, pressionou as bases para que se mantivessem erguidas e niveladas, a senhora à direita ele à esquerda, o menino rechonchudo e despido no centro sobre um pequeno bordado que fizera. Olhou, voltou a olhar, suspirou e não entendía o que estava mal. Trocou a posição das figuras mas também não lhe pareceu melhor. Pousou a mão sobre o musgo acamando-o e sentiu-o morno. Colocou de novo as figuras de barro nos pontos iniciais, o menino ao meio sem amparo do bordado, apenas aconchegado ao que viera da terra e o menino ruborizou-se, sorrindo-lhe.

2 comentários:

jawaa disse...

Delicadeza, doçura, sensibilidade.
Lindo!

Paulo Vilmar disse...

Sant'Ana ! Uma história mais linda que a outra! Que belos escritos encontrei... Suaves, intensos, murmurados quase que como se ouvisse um segredo!
Beijos.