Se deres um passo, um só que seja eu até sou capaz de dar dois. Mas o primeiro terá de ser teu, de tua decisão, de teu avançar porque assim a emoção te obriga, o cérebro a pensar que apetece mas não vai e o corpo todo veias de sangue a correr a fazer-se de surdo e a atirar-se para a frente. Agora eu, não penso muito, só quero, desejei, sonhei, inventei frases completas e poéticas para te oferecer às tuas perguntas curtas, acompanhando poses e olhares lentos filmados ao ralenti. Não me lembro de nada, uma borracha apagou-me o gesto ensaiado, só sinto as tuas mãos próximas da minha cara e o rubor de me adivinhares a não te oferecer resistência alguma envergonha-me, atrapalha-me, piso-te desajeitada quando entorto os olhos ao ver a tua boca tão perto da minha, quero pedir-te desculpa mas tu vedas-me qualquer som, tiras-me a respiração.
Deixo-me ir. Já não me lembro quem avançou.
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