Encaixou-se no maple a custo, pernas tentadas na posição de lótus, joelhos como asas e naquele colo a caixa de bombons tão brilhante, pequenas pratas dourada e cereja a arredondarem marrecas de desgosto com sabor a chocolate. Amparou o delirio na cova do ventre quente, mãos hesitantes entre a primeira vitima. Lembrou-se dele, escolheu café: sentiu os dentes a enterrarem devagarinho na crosta e um creme esbranquiçado esvaír-se do seu interior, babar no queixo, pingar o dedo. Encostou a mistura ao céu da boca e sentiu-se aliviada de tanta saudade, a lingua a tactear a mistura, os olhos levemente tombados para a imagem pouco nitida dele. O relevo em ss no chocolate branco identificou o próximo, ela, sinuosa, Verão tão curto para agora alimentar este Inverno, uma boca demasiado faminta para se contentar num cubinho tão pequenino... em que canto do mundo estás tu? Ao terceiro suspirou em praliné, um gosto de avelã a prever o hibernar do amor. Amassou as pratas dos seguintes, já devorados aos pares, ele e ela, uma raiva incontrolável pelo engodo da paixão, o palato alvoraçado e enjoado sem destrinçar sabores doces e o acre das lágrimas a pingarem a caixa já quase vazia. Acabaram. E o choro da culpa engordou-lhe a distância do tempo em que a saudade amarga.
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
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