Em negros pedaços partidos soou o fundo do calor no banho-maria ao aroma do cacau. Os olhos semi-cerrados na alquimia do sólido para o maleável mexiam em espirais lentas o segredo untuoso. Manteiga: amarelo e negro, levemente salgado, levemente doce, levemente acre, forte tentação no verniz emprestado. Molhou o dedo, chupou quente, a lingua amparando um fio de baba desviado pelo carreiro dos lábios. Uniu as gemas com açucar, espuma dourada. Espesso e forte o chocolate tingiu como um negativo marmoreado a tela da gemada em oitos deitados como sinal de infinito. Inebriou-se no perfume libertado a cada toque, tocou o peito, sentiu a mistura crescer sob as mãos. Agitou frenética as claras até montar um castelo nos seus sonhos, branco, alvo. Envolveu delicada mas decidida, de baixo para cima, em movimentos certos, respirados, os dois polos nivea e negro até atingir o choque. Pequenos furinhos na mousse assemelhavam à sua pele o arrepio da sobremesa pronta a ser comida.
domingo, 4 de novembro de 2007
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4 comentários:
Doce. Até que a noite tenha fim.
*
arrepiados poros
ou,
fruto do cacaueiro ?
*
xi
*
Fabuloso.
Beijo
Sempre com mestria nesta confecção de palavras.
Jinhos
BF
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