Baixa o sol, fica o vermelho riscado junto à linha que separa a vista e o adivinhado.
Roxos e violáceos contrastam no pastel de fim de tarde. Chegou sedenta e faminta, os predadores ocupados na mesma faina do nutrir dão-lhe a trégua de se mirar em si mesma e aperceber-se dos estragos de mais um dia.
Os olhos hoje ainda não escorreram água nem as mãos se crisparam, só defendeu as costas e escudou-se de sentir.
À hora do lobo já o pode fazer. Já se pode alimentar da paisagem e deixar que as lágrimas temperem o rosto, alimentar-se dos sons de vida que abrandam, despertar para a paixão e descobrir-se renovada nesta hora mágica em que se veste de mulher.
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