Primeiro inclinou-se sobre a mesa, um gesto dedicado para melhor se debruçar sobre ele. Escreveu-lhe um rosto, olhos rasgados e boca cheia. De seguida inventou-lhe as mãos de dedos longos e de nós perfeitos numa pele levemente acetinada que subía braços arriba até ao implante de um dorso seco ligeiramente aconcavado nas costelas contadas. Sem fim descreveu-lhe às pernas.
Rectificou a pontuação como uma especiaría tirada de um barco de piratas. Leu-o, provou-o, sorriu e gostou.
Afagou na palma o vinco das letras iniciando o ritual dos preliminares.
No avanço da narrativa recebía o prazer do texto, deixava-se ir, quería-se tomada.
E tanto desejo sentiu que na cópula mergulhou nas letras e fez-se linhas junto a ele.
4 comentários:
é como pintar uma tela. imaginando atravez da leitura.
...E ler é poder ler-te!
Continuas a fazer aquecer sem arder!
Formiguinha Sony
Por este e por tantos outros te venero oh escritora impar.
"E tanto desejo sentiu que na cópula mergulhou nas letras e fez-se linhas junto a ele."
EXCELENTE!!
Beijo
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Leu-o, provou-o, sorriu e gostou.
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e eu, ao ler-te
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xi
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