DEC.LEI Nº344/97

TODOS OS TEXTOS SÃO DA PROPRIEDADE DO AUTOR E ESTÃO REGISTADOS AO ABRIGO DA LEI DA PROTECÇÃO DOS DIREITOS AUTORAIS E PROPRIEDADE INTELECTUAL. INCORRE NO CRIME DE CONTRAFACÇÃO QUEM SE APROPRIAR, COPIAR, PLAGIAR E MENCIONAR NO TODO OU/E EM PARTE OS TRABALHOS AQUI PUBLICADOS, EM CONFORMIDADE COM O CÓDIGO DE DIREITOS DE AUTOR E DOS DIREITOS CONEXOS.
.
.
.
Escrever é poder amar-te



terça-feira, 8 de maio de 2012

DESTINOS

Esfregou a pequena flanela na lente espessa e cerrou o olho míope a adivinhar a nódoa gordurosa dissolvida pelo calor da fricção, não via nítido, espreitava-lhe a biqueira do sapato preto enviusada e pensava que talvez fosse dia de graxa embora lhe apetecesse mais nada fazer, tão só um copo de leite, um copo de leite frio e umas linguas de veado demolhadas como a sua mãe lhe costumava presentear quando tinha febres que o impedíam de assistir às aulas, aquele paladar fresco e doce a amaciar o rubor da garganta arranhada, porque diabos se estava a lembrar de linguas de veado a uma hora destas, já nessa altura vía mal, os colegas chamavam-lhe caixa de óculos e isso dava-lhe febres, coisa de miudos que já lhe passara felizmente, agora era rijo, compôs os óculos, os sapatos aguentavam mais uma jornada, e se passasse por uma pastelaria para comprar umas linguas de veado mais o pacote de leite que tinha em casa já tinha o serão feito... Sorriu. Nem se incomodou por o terem pisado, apesar de não haver um pedido de desculpa.

Sem comentários: