Espevitou o lume, um toro rolou encarniçado nas costas picadas. Estalaram algumas faúlhas. Acocorou-se, protegeu o peito junto aos joelhos, os joelhos junto ao queixo, os braços fechando-se num novelo. Ficou assim um tempo perdida, o olhar a nada ver, apenas calor a arder nos olhos, o pensamento a subir com as ondas do braseiro. Suspirou. Inventou-se nua a ser amada no testemunho do fogo, perigosamente perto da queimadura, um quase ferro na coxa de fêmea a marcá-la como posse de um senhor tão viril como aquele lume. Uma pinha libertou o odor da resina com um estalido brilhante e incandescente. Esticou a mão adiante, palma aberta sentindo a fornalha a aquecer-lhe o sangue, fechou-a e já nada tinha de seu, apenas um amornar nas linhas da vida.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
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