Fervorosa, trémula, húmida folheia cantos de páginas de papel de arroz amarelecidas por dedos que marcam cruzes como sinais pela face e pelo peito, dobra-se numa prece junto ao coração, a lingua lê palavras contra o céu da boca, aperta-se nos lábios os sons que tremulam velas tortas e desmaiadas pelo calor da chama lançando sombras e vultos sobre véus que cobrem cabeças pendentes na imitação da resignação ao altar-mor.
Marca a oração separando no rosário morno de tanto esfregado as impressões digitais decalcadas no seguir da linha.
Fecha o missal negro debruado a ouro, a sangue na junção das páginas, afaga-o num carinho lavado a desejos, promessas e louvores. Sente-se salva, santa e senhora.
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