DEC.LEI Nº344/97

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Escrever é poder amar-te



segunda-feira, 20 de abril de 2009

IMPROVISO

Talvez tenhas achado que era fácil. Chegavas, rias-te para mim nesse teu trejeito de boca mais puxado à direita, os olhos azuis muito fixos no meu verde, as mãos fazendo pressão na minha cintura e bastava dizeres hum.Talvez tenhas achado que eu era transparente. Encostavas a tua boca à minha, puxavas o lábio abandonado preso nos teus, ofegavas um pouco à espera que te acompanhasse e depois afastavas o teu rosto do meu, aguando-me uma e outra e várias vezes a tua boca a roçar a minha, despertando um salivar como uma criança espera um bolo com creme.Talvez tenhas acreditado que ganhaste. Porque te beijei, mordi, lambi o sangue fino que coloriu o canto da tua boca, cheguei até a arfar um pouco subindo no peito uma vontade do teu toque, do teu apertar, eu própria te desvendei os seios e na tua brincadeira fugi das tuas mãos de dedos afastados a dizer vem buscar.Talvez te tenhas enganado. Afinal quem trepou em ti fui eu, numa escalada em que tu vertiginosa e calculadamente querías sucumbir numa queda de trapezista sem rede, agora os olhos cerrados sem querer atingir quando o chão fica mais próximo e não há regresso na subida.Eu só improvisei.E minto-te para que não saibas que me perdi neste texto, sem guião, sem ponto.Ponto final.

domingo, 19 de abril de 2009

ESCREVER&AMAR

Ouvi dizer que um dia seca, que o fundo do baú alcança a vista, esgota-se o filão, troca-se a direita pela esquerda e já nada sai de jeito. Ou então cai-se na repetição, no eco, no déjà vu ou déjà lido ou quiçá no déjà copiado, tomba a pique a expectância, pesam as pálpebras nas linhas seguidas a dedo pela dormência do verbo na chateza da folha, escasseia a palavra, sobra tempo.E do amor?É-me na letra o acto puro de ter sentidos vivos, fluir na tinta virtual da paixão que consome a lume lento a mão que prossegue caminhos e de tanto aí amar, escrevo.

sábado, 18 de abril de 2009

CENÁRIOS

É sexta à noite e quero um sorriso que enfeite o meu vestido, um assobio trinado que dos teus lábios me ponha um tango nas pernas, puxa a lua até nós, faze com que o palco seja este pedaço de estarmos juntos.Passeemo-nos.Troquemos notas de musica no gesto anguloso de apontar ao mar gritando no silêncio cumplice do que te quero a espera do que desejas.Antes da noite se deitar quero um beijo.E tão só um sorriso a vestir-me.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

A MENTIRA DA PALAVRA

Apesar de me teres dito coisas importantes nunca te achei a intenção do gesto, nem mesmo quando por entre os cabelos me suspiravas amo-te. Por isso te chamo cobarde, um receoso das palavras que no fundo quando as dizías e me arrancavas do chão presa a um fio de nuvem talvez achasses que era tão só um som expelido, ar, sem forma, sem toque. Dizía-la, estava dito, fora-se. Eu chamo a isso mentira.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

VILDA

Alguns no fim do negócio perguntavam-lhe o nome, de mão esticada na vergonha amarrotada da nota, ela compunha as meias, cuidava na linha recta na bucha da perna para merecer o próximo e respondía de cigarro entre os dentes, Vilda. À segunda demanda desistíam e encolhíam os ombros, o serviço estava feito, íam à sua vida ela às suas vielas de salto a amparar as noites pardas entre vadios de quatro patas e outros que se aguentavam na coragem do candeeiro publico. E era só mais um e ainda outro, os que dessem para o tabaco e para o sonho de um dia poder trocar de nome.- Como te chamas?- Vilda.- Como?- Vil, como a vida.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

BÓNUS

Eu já merecía outro corpo. Já merecía outro rosto. Merecía por tudo o que de mim dei, a todos quanto amei, aos que permiti a fantasia de reis e sol e ainda lua e o todo que agora as mãos tortas não permitem ler nas linhas os relevos dos sabores que já provei e das cores do mundo que guardo em mim....Sabería pintar de olhos fechados.Abraço-me a este corpo engelhado onde cada vinco me fala de histórias de noites e de dias e ainda de risos e lágrimas na partida.Tenho um corpo que me veste puidamente pelo uso de tanta paixão em que me enchi.Mereço. Mereço um novo corpo que se amachuque de novas recordações, macias e ternas até nua regressar ao sitio de onde vim.

terça-feira, 14 de abril de 2009

AGORA E AQUI (CANTILENA)

Dá-me as tuas mãos, prende-as nas minhas com força, com vontade, temos tudo neste instante, dizem que o tempo apaga e adormece e até faz esquecer, diz quem o sabe e já lá vai adiante e que por aqui passou antes de nós, por isso sabem, por isso devemos tudo um ao outro agora e viver e até morrer para voltar a nascer de outra forma lá mais para frente de mãos dadas que embora tão atadas como as nossas de agora já não serão as mesmas, quero-me feliz neste momento e depois no outro e sempre mas quero agora para aprender melhor e quero aqui e já porque não sei se a vida me tapa os olhos e eu perdida do que quero agora te esqueço a ti e a nós e deixo escapar o que guardo nas nossas mãos juntas.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O RIO

A mulher deitou-se no rio, deixou-se levar na corrente, braços abertos na cruz da vida. Vai leve neste berço que canta todas as cores desde o nascer até o sol riscar a fogo a hora de descansar. A mulher deitou-se ao rio e largou na margem a tristeza e a dor, despiu as mágoas e as lágrimas, esqueceu-se de tudo o que era feio, agora o tecto é o céu, a terra esta água tanta que a embala. A mulher vai pelo rio, voltou a ser pequenina, pode rir e brincar, tocar tritões e golfinhos. A mulher mergulhou no rio. Foi-se. Amanhã,ao abrir o caderno de esboços o rio voltará a levá-la em todos os sonhos que desenhar.

domingo, 12 de abril de 2009

REGRESSOS

Há um paladar de déjà vu e no entanto, do novo se abre o olhar como se nunca sentira gosto tal.Volto, pintada de outras cores, o mesmo contorno que me conhecem a negro, preparada como um mata-borrão para os sentires, para os amores, para as lágrimas que disfarçadamente aperto e acuso serem de tanta luz no verde que me molha os olhos.Volto, paramentada de abecedários que misturei e refiz, o velho no inovado, superlativos. Dulcíssimo.Volto, de braços cheios de abraços, silêncios cúmplices, rios e terras inventados, alguns beijos... poucos, tal como a rosa oferecida.Há no regresso o sabor da pimenta-rosa, delicada, perfumada, mas violenta na diferença do tempero.

sábado, 11 de abril de 2009

A ILHA

Nas palmas das mãos curtidas pelo sal das suas lágrimas encontrou um mar navegável de sentires. Viajava-se: imaginava como sería o coração daquela por quem esperava, uma terra avistada mas parecendo sempre longe do alcance pela maré contrariada e nas voltas que dava achava-lhe cada vez maior o sabor do desejado porque desconhecido.Roçou porém esse terreno fértil e logo o calor tomou barco e mestre, fê-lo descuidado saltar e perder o cabo da nau.Embrenhou-se nela, tomou-a, beijou e sussurrou-lhe o desespero de largar a vida sem que tivesse bebido de outras águas que não a sua tão salgada.Esqueceu tudo do mar, as estrelas, o canto das sereias, o dominio do leme, permitiu-se afogar no tesouro maior de seu amor.E quando se achou homem rico na terra a perder de vista tornou-se ilha, chorou e esperou que nas linhas de suas palmas lhe desenhasse de novo a rota da descoberta.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

PENSAR IDENTIDADES

Receosamente o toque dos nós dos dedos mostraram o bilhete de uma identidade esperada, tudo materializado no som doce da madeira aflorada pela pele, és tu direi eu mas não diz nada, engole das suas palavras para sossegarem o trote do cavalo que desfila no peito, e ainda não era nada, não era imagem não era nome, era o pensamento a chamar quem está longe do lado de fora da porta e encontra nessa fronteira a visibilidade da imaginação e compõe tudo com frases que sonhou ouvir dando-lhes a modulação parada do eterno amoroso, receosamente. Se não forem os dedos das mãos que espera apertar valerá pelo que sentiu ao enganar-se serem o som de quem espera chegar.

sábado, 4 de abril de 2009

DANÇA?

Dirigiu-lhe a mão levemente curva, ela olha-a, depois a ele, vai aceitar. Se disser não toda a noite dancará à roda dela sem ela a girar; se ele não pedir toda a noite estacará no ombro encostado da interrogação. Vão leves, vão firmes na tremura do descompasso, no pé trocado entre tempos e deslizes, rosto no rosto, coração ao lado, esquerda, direita, pára, volteia, a saia dela animada abre um chapéu ao sol do lustre, cintura segura na palma apertada, pele e tecido, joelhos que se beijam em toques sentidos no rubor da boca envergonhada, não fala nada. Dança, não fala nada.



ESTE TEXTO FOI ESCRITO E PUBLICADO PELA 1ª VEZ NO WAF ONDE PARTICIPO A 18/03/2008. AGORA AQUI REPUBLICADO.


INFELIZMENTE PARECE SER ESTE MEU ESPAÇO MUITO APETECIDO POR PLAGIADORES, POIS FUI DETECTÁ-LO AQUI

E TAMBÉM AQUI


CLARO QUE SEM QUALQUER REFERÊNCIA AO AUTOR, OU SEJA A MIM.

OU SEJA, MAIS UM ROUBO.