DEC.LEI Nº344/97

TODOS OS TEXTOS SÃO DA PROPRIEDADE DO AUTOR E ESTÃO REGISTADOS AO ABRIGO DA LEI DA PROTECÇÃO DOS DIREITOS AUTORAIS E PROPRIEDADE INTELECTUAL. INCORRE NO CRIME DE CONTRAFACÇÃO QUEM SE APROPRIAR, COPIAR, PLAGIAR E MENCIONAR NO TODO OU/E EM PARTE OS TRABALHOS AQUI PUBLICADOS, EM CONFORMIDADE COM O CÓDIGO DE DIREITOS DE AUTOR E DOS DIREITOS CONEXOS.
.
.
.
Escrever é poder amar-te



quinta-feira, 10 de abril de 2008

ROSAS DE HOLANDA

As mãozinhas espalmadas no vidro da vitrine embaciaram a visão gulosa dos bolos coloridos. Tanto creme, tanto doce, aquele forro acetinado no céu da boca, salivou, engoliu em seco, contou no bolso as moedas à solta dos dedos, adivinhar o custo, pagar todo o preço por um desejo de olhos fechados, lamber os beiços e encontrar a felicidade. Apontou, aquele, não, o outro de chocolate e com golpes que desvendam um creme firme cor-de-rosa, rosas de holanda, porque chamam rosas de holanda a um bolo que se assemelha a uma tulipa, que importa, há-de desfolhá-la até à base feita de uma espessa massa em que se trituram pedacinhos de chocolate e amêndoa. O delirio vem na ponta da pinça, os dedos seguros, olhos tortos para o tesouro, admiração, cheirar o amanteigado da forma cilindrica, encostar os lábios e sentir o frio levemente amargo do cacau, a ponta da lingua a desflorar o recheio rico. É agora. Agora abre a boca e trinca tataeado, sustém o respirar, dilata as papilas, um encontrão, escapa-se-lhe o instante e na bochecha inchada prova numa única vez o anseio de muitas vezes.

Sem comentários: