Depois que a tomava nas mãos batía a porta, arremessava-se para os fundos da casa, escondía-se atrás do tanque de lavagem no quintal e nem mesmo as abelhas a zumbirem à sua volta lhe tiravam os olhos cravados do envelope. Abría-o com muito cuidado para não rasgar o papel, às vezes a saliva dele babava demais e até prendía o sobrescrito ao papel tão fininho da carta. Vinha cheia, carregadinha de uma letra miuda com bolinhas a fazerem de pintas nos iis e os oos eram todos corações, perfeitos, muito pequeninos para caberem enfileirados e para que ela soubesse que aquilo não era uma carta. Era o amor a mandar saudades.
sexta-feira, 18 de abril de 2008
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