Atirou o livro para o lado, suspirou, um tédio caldoso pairou pela sala, olhou-a ao redor, tudo sempre no mesmo sitio, tudo parado, o relógio no seu tique-taque certo, acompanhou o vai-vem do pendulo dourado que reflectia às avessas do côncavo a mesa, o naperon, a jarra, as flores de faz-de-conta que são verdadeiras, sempre frescas na sua morte cativa, nunca esperam ser colhidas nem cuidadas, aguardam o pó, o desgostar pela moda para terem o seu único tempo de verdade na rejeição. Achou-se parecida com as flores fingidas, sempre bonita, sempre disposta, sempre enfeitando a casa. Sentiu receio de um dia ser encarada como coisa fora de moda, encostada num canto da vida assistindo-a às avessas no reflexo da monotonia do tempo.
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
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