De vez em quando abría a caixinha, revisitava os achados colhidos desde toda a vida, passava-lhe os dedos, demorava-se por objectos miúdos ou relía pedaços de papel muito finos. O tempo passava e ela dobrada sobre a caixinha, embevecida, um bocado de tempo só seu que os outros se haviam habituado a respeitar, comentavam ela e a sua caixinha, coisas de pessoa velha e tonta que se havia tomado de afectos a uma caixa de cartolina deformada por nada ter de fazer. Ela já havia mostrado o seu tesouro aos demais mas não sendo dinheiro ou jóias ou outro tanto de valor, a caixinha havia sido desprezada e sem incómodos, ficava à vista de toda a gente sem precisão de resguardo. Quando ela se foi, andou aos tombos e foi parar às mãos de um homem que curioso veio a dedicar-se a descobrir todas as pequenas coisas que a defunta havia recolhido pela vida. Chamou os outros e contou-lhes a história da família.
terça-feira, 28 de outubro de 2014
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