Sentou-se no muro e bateu com os calcanhares, o Sol descia devagarinho lambendo as cores do dia e arrastando numa aguada os contornos da outra margem, em breve o outro lado haveria de parecer uma mancha escura como um monstro deitado, depois muitos pontinhos brilhantes surgiríam e essa forma de medo traría a imaginação de uma cidade encantada como um dia de Natal. Bateu com os calcanhares espantando o escuro que veio embrulhá-lo, atirou uma pedra ao vazio e não ouviu som. Talvez que o dia acabado engolisse o outro pedaço de terra e só no dia seguinte ele voltasse a aparecer e tudo o que a sua vista alcançava eram estórias para entreter a barriga até a Mãe o chamar para o jantar. Levou os dedos à boca e soltou um assobio. Nada. Só o chamado para a mesa. Ergueu-se do muro e caminhou em direcção a casa mas ouviu difuso um silvo a responder-lhe. Correu, correu muito.
domingo, 14 de setembro de 2014
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário