Foi por causa do calor que entrou na pastelaria e pediu um copo de água. Sob as pás das ventoínhas sentiu os fios dos cabelos esvoaçaram ao de leve, o tempo pareceu abrandar, quase cerrou os olhos. Defronte os rebuçados coloridos, as bolachas, os biscoitos, tudo metodicamente arrumado como se a canícula não existisse e procurasse deliberadamente desmontar a ordem das coisas. Um gole de água, os bolos alinhados pela categoria de secos, com frutas, com cremes, deitados numa cama comum à devassa de todos. Rodou a cabeça, observou as pessoas amparadas nas palmas de mãos, cotovelos vincando as migalhas das torradas, paradas na conversa, um ralenti que parecía ondular as imagens pelo abafado. Depois notou numa mesa de canto um casal, um quadro vivo, segredavam, sorríam frescos. Ela acabou o copo de água, olhou-o, reconheceu-o, mais tarde ele entraría em casa, à sua mesa assentaría os cotovelos nas migalhas e falaría com ela de conversas paradas até se deitarem na mesma cama, devassa, tudo metodicamente certo e arrumado como se nunca tivesse acontecido aquele dia de calor e ela tivesse fugido para um copo de água que a gelou no sangue.
terça-feira, 1 de abril de 2008
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1 comentário:
Ola linda!
Tenho andado afastada, nao por ma vontade, simplesmente por problemas.
Vim te ler e desejar um bom fim de semana
mil beijos em teu coracao de ouro
Rachel
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