Falou. Em silêncio. Apontou os indicadores ao canto dos olhos e repuxou oriental, notou as rugas fininhas a desapareceram na extensão da pele e mirou de um lado e outro. Falou. Em silêncio. Afunilou a boca num coraçãozinho desbotado apontando no queixo saído o disfarce dos vincos no pescoço ainda alto. Depois deitou a lingua de fora, observou-a e aos dentes e à campainha, fez ah longamente e engasgou-se. Suspirou. Em silêncio o espelho devolveu-lhe a imagem do que era. Gritou-lhe, tentou assustá-la na esperança daquele reflexo de rugas e ridulas e vincos e pregas e pequeninos papinhos se arredarem pela força do som. Nada falou. Silêncio. Os olhos envidraçaram-se. Ele chegou, abraçou-a pela cintura e de queixo apoiado no ombro dela, mirando-se aos dois nas cãs disse-lhe que ela era linda. Não falou. Sorriu.
segunda-feira, 31 de março de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Quem fala em palavras, fala em sentimentos...e desafios que deixei ao acaso para todos aqueles cuja essência é doce.
Enviar um comentário