Apressou o passo, o salto entalado deixou o sapato na rectaguarda e cortou-lhe o ritmo já atrasado, praquejou, calçou-se arrastada até acomodar os pés à velocidade quase corrida, passinhos curtos na saia travada, amaldiçoou-se nos cinco minutos a mais na cama e no tempo que lhe fugía mais rápido do que o que precisava para entrar a horas. Viu o autocarro partir sem ela na troça de quase o alcançar, tombaram-lhe os ombros, a melena e a pose, duvidou no caminho de regresso a casa e esquecer o mau inicio. Prosseguiu o passo, abrandou, o cansaço na barriga das pernas trouxe-lhe a dormência da falta do pequeno-almoço, o olhar rente ao chão embaciou-lhe os óculos de sol e sentiu vontade de desaparecer. Depois, chorar. Por fim estacou-se, perguntou-se porque corría, porque se zangava consigo, com o mundo. Encheu o peito de ar e apeteceu-lhe dar um grito que lhe abrisse o peito. Reparou então, que no meio de um canteiro muito verde e aparado uma papoila solitária berrava o vermelho igual ao seu.
segunda-feira, 24 de março de 2008
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