Nessa noite levantou todos, o palco pareceu-lhe maior, as luzes mais bonitas , os veludos das cortinas mais ricos. Nessa noite o seu fato perdeu o esgaçado de shows sem fim em que as palmas não acordaram os que dormíam, encheu-se de acetinado nas bandas e pediram encores de olhos marejados na emoção da voz que se prolongou para além dos acordes finais da banda e até no fosso a batuta suspendeu-se da ordem paralizada no timbre claro que ecoou sala dentro e voltou e rodeou como uma capa de mágico. Nessa noite soube onde pôr as mãos e o micofone não apitou o guincho supersticioso de mais uma fraude. Nessa noite despediu-se do palco e do animal que por lá deixou, à solta, recolhendo os bocados de anos que dera. Regressou ao camarim sem roupa de artista. Nessa noite levou o melhor abafo sobre os ombros nas palmas que para sempre lhe farão companhia. Já não se sente só.
sábado, 29 de março de 2008
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