Há muito tempo contei aqui a história da mulher que tinha um cão e um gato e andava pelas ruas de Lisboa. A mulher ainda anda pelas ruas de Lisboa mas já não tem o cão e o gato também não. A mulher arrasta como sempre a sua carga preciosa de trapos, linhas, caixas, plásticos e um velho carrinho de supermercado. A mulher cheira muito mal. A mulher fala sózinha e para os lados e para a frente e ri muito e cala-se e espera atentamente que os seus interlocutores invisiveis lhe respondam para depois ela polidamente lhes retorquir. A mulher senta-se no chão na esquina do Cais do Sodré sob o relógio da hora legal a fazer horas de iniciar o seu bordado e todos os dias costura até o dia comer a luz e os candeeiros vaidosos dizerem boa-noite. Depois a mulher desaparece. Dizem que vai à procura do seu cão e do seu gato.
domingo, 11 de agosto de 2013
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