Apetecía-me dizer-te coisas escandalosamente poéticas e no entanto, fico a passar o dedo indicador pelo fio do copo cheio de boqueiras pegajosas e tu, fazendo sala, falas-me de feitos que nunca fizeste só para me impressionares. Vejo nos teus olhos que não despegas das marcas dos meus lábios decalcados no copo e toda a boa conversa é uma mentira lenta que se arrasta a esta mesa redonda de bistrot em que as marcas húmidas dos fundos dos copos vão avançando no sentido de cada um como terreno comido ao outro.Apetecía-me que não deixasses a noite escorrer.E no entanto, terminas a tua bebida escorropichando gotas que imaginas como sendo minhas.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
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