Acenou-lhe. Perdera os laços, as tranças e as sardas rebeldes, ganhara seios e ancas. As mãos também, umas mãos finas de dedos delgados que exprimiam passados como borboletas na Primavera. Acenou-lhe, perdera o rubor infantil e as pestanas envergonhadas, ganhara pó de arroz e um olhar firme e rasgado que abríam trilhos na memória de tempos de carteira e bilhetes dobrados. Acenou-lhe, contou os anos sem se encontrarem, desfiaram vidas, juntaram lembranças de outros e confessaram amores de perdição no verde ladino amadurecido no reencontro. Do coração também, um coração revisitado no sabor do Outono, dourado a raiar no vermelho que isto de paixões nunca se esquece. Acenou-lhe, disse-lhe adeus, ganhara o dia, guardou segredo de voltar a ser menino outra vez.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
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