Era o homem mais feio que alguma vez vira de tão perto, calvo, um nariz semelhante a um bico de ave, os olhos pequeninos escondidos fundo por detrás das lentes grossas, uma fenda a servir de boca, orelhas descoladas do crâneo e uma ausência total de queixo que se diluía no pescoço papudo. No entanto, as mulheres envolvíam-se na sua companhia em sorrisos ternos e mãos juntas ao peito, traçavam pernas na posição de ficar um pouco mais, nadar naquela ambiência pastel em que parecíam figuras de quadros apanhadas num qualquer Sábado à tarde de Primaveras mornas. Não lhe vía encanto, olhava-o de longe e intrigava-se de onde surgía tanta harmonia. Um dia aventurou-se no perto e na voz que desfiava poemas com o sentimento do amante, sorriu, amparou o coração junto ao peito e do alheio fez-se quadro também.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
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