Um raio. Outro amarelo na noite parda. Hoje não há azul. Só uma fome violácea que fareja a trovoada, aguarda a água que há-de tombar em bátegas pesadas como cabrestos sobre o pescoço, aliviando-a do jugo do dia, vestindo-a da melhor forma, modelada, molhada, escorregadía como um cetim frio que se aconchega à intimidade. Mais um raio como arame farpado. Rasgou-lhe a porta de saída, o nariz adiantado ao cheiro de pólvora seca afrodisiaca-lhe no palato o gosto da terra que há-de pingada empapar as suas pegadas e nenhum rasto lhe poderão seguir. Nos primeiros chius da água o tambor do trovão. Já nada ouve, solta, corrida no relento liquido propaga-se a imagem como uma fotografia premida no dedo contínuo, onde começou termina como um eco, uma pedrada num lago ressaltada na habilidade do atirador. Novo raio. Encontrou-se. Desaparecida para os outros. Jaz numa poça. Ainda um último risco no negrume que tombou repentino e inquieto, um brilho de olhos num mancha espelhada.
quarta-feira, 12 de março de 2008
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